quarta-feira, 20 de julho de 2011

Entre o que se sabe e o que se ignora

Já dizia um novelista francês, André Gide (1869-1951), que entre o que se sabe e o que se ignora, está o que se supõe. - É esta a relatividade do conhecimento que nos acompanha.

Por exemplo, no estudo de um capitel, já não é mau saber que o é, melhoramos quando lhe identificamos o estilo artístico e, mais ainda, ao apontarmos-lhe uma cronologia aproximada - e é preciso não esquecer que todas estas inferências são já consequência do conhecimento que já temos da gramática decorativa e da sua evolução, das formas que nos rodeiam e dos materiais utilizados. Falta o que ignoramos e passamos, através de lacunas e vestígios incipientes, à suposição sobre o seu lugar exacto no edificio a que pertencia e porquê esse posicionamento e não outro, e, também, se o edificio era um templo, uma igreja, um arco triunfal, ou outra construção por definir.
Só assim conseguimos ultrapassar o simples inventário de um capitel para entrar a sério no campo da investigação, pois há que conhecer a utilidade e o porquê das coisas, além da sua singularidade formal, e relacioná-las com as pessoas.

Publicado no facebook  às 15h 11m de 15 de Julho de 2011



Ilustração: tentativa de reconstituição e posicionamento, num entablamento romano, de um "friso de ângulo" (denominação que criámos a partir da conhecida janela ângular ou de esquina) constituido por duas cabeças de touro, perpendiculares entre si e solidárias no mesmo bloco de mármore aparelhado - colecção do Museu Regional de Beja.

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