domingo, 27 de setembro de 2015

Beja e o seu nome indígena pré-romano

A propósito do artigo de Carlos Dias sobre o nome indígena, pré-romano, de Beja, coloquei ontem  - 27set 2015 - no mural do facebook, em Leonel Borrela, duas pequenas observações sobre o assunto, dado que já por diversas vezes o abordei noutros locais e tem pleno cabimento neste blogue:

Será que a condenação da memória histórica de uma cidade ou de um cidadão, nada diz à ciência? - "Damnatio Memoriae"! Quantas vezes Roma, e não só, praticou este esquecimento obrigatório, impondo severamente o silêncio sobre a identidade, o nome e os feitos de quem a combatia com temeridade. Roma não perdoava a desobediência e é de crer que tenha proporcionado um castigo exemplar a quem não se lhe queria subjugar. Um homem, um grupo ou uma cidade... O que teria de facto acontecido? Esperemos que a ciência arqueológica possa trazer à superficie a razão por que se desconhece o nome da cidade da paz, da cidade que em nome da paz e de Júlio César, terá sido obrigada a repudiar o seu próprio nome, sob pena de maior sofrimento. Conistorgis ou Ges, ou outro nome qualquer, tanto faz, desde que se prove que já existia... e que Roma a temia. - LB

Claro que não disse tudo no pequeno texto/justificação da questão "Porque é que todas a cidades têm nomes indígenas e Beja Não?". Nem poderia dizer, pois não sei, mas, das cidades que ainda osconservam poderei deduzir que se portaram bem perante o invasor. Ter-lhe-ão dado alguma luta, mas renderam-se, tendo como prémio, pelo menos, a preservação do seu nome indígena. Não se deve ter tratado de cobardia, mas, talvez, de bom senso. Contudo, há quem ferva em qualquer quantidade de água e não torce, não se ajeita, mas quebra e, é aqui, que, "doa a quem doer", entra Beja e a que parece ser, ainda hoje, a razão do seu ostracismo, da paradoxal existência do seu não lugar... tendo tudo de quase tudo e parecendo nada ter. - Abraço forte,meus amigos e amigas, LB


4 comentários:

  1. Leonel, antes de mais Aquele abraço.
    Também li ontem o artigo em questão e uma coisa me salta desde logo à vista: a proximidade de Beja ao Guadiana naquela época julgo que está um pouco forçada, basta pensarmos na vegetação da época como montado ou como bosque ibérico; as condições perfeitas para emboscada. Bem que a legião poderia percorrer diariamente uma dezena de léguas (por estrada), mas isso não chega para estabelecer uma rota comercial "viva". Não quero com isto invalidar que alguns produtos cá chegasse por ali.
    Mas quanto ao nome pré-romano de Beja. Também li algures do costume romano de "apagar" as denominações de locais que não se submetiam muito facilmente a Roma.
    Juntemos então os seguintes pontos: - a sul dos lusitanos vivem os celtas, os túrdulos e os cinetes
    - o acampamento romano situa-se uns bons seis km e meio do ponto mais alto da cidade, estando invisível devido ao arvoredo da época, o que possibilitaria a saída das tropas em segredo para as acções de assédio e, ao mesmo tempo, facilitava a sua defesa pela distância a percorrer pelo atacante.
    - temos que a paz com os lusitanos foi feita aqui, ou seja, em campo romano, tomado não aos lusitanos mas a celtas (?).
    Ao trazer os lusitanos a campo romanizado "estangeiro" , os romanos humilham a população local por assinarem aí a paz com quem mais dores de cabeça lhes deu, remetendo-a para um "viram? estes acabaram por se submeter e fizemos as pazes na vossa casa, portanto..."
    Muito mais poderíamos comentar mas isso terá de ser pessoalmente, acho que já te gastei muito papel, eh eh
    Palma Aleixo

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  2. António Melão, caro amigo. Das Beja(s) romana, visigótica e árabe, pouco se conhece, Se as conhecessemos melhor, principalmente a do período romano, talvez pudessemos falar um pouco do que antes existia, mas os dados ainda saõ insuficientes para tal análise. Abraço, LB

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